Bom, não podemos negar que já era hora, mas ele bem que podia estar no apartamento ao lado.
Bruno mora em outro bairro e trabalha muito, por isso não temos nos visto com tanta freqüência. Uma pena.
Quando morávamos juntos quase nunca perdíamos a hora do jantar. No apartamento de Vila tínhamos uma mesa na cozinha e lá jantávamos quase todas as noites. Era a hora de falar dos acontecimentos do dia. Eu do meu trabalho, ele do dele. Eu das estórias interessantes, das pessoas, dos colegas de trabalho, do meu patrão, dos entendimentos e desentendimentos; e ele de todos aqueles nomes de gráficas dos quais jamais decorei por serem tão esquisitos e parecidos, dos funcionários, dos trabalhos e suas complexidades, dos prazos, do estresse, também dos desentendimentos e entendimentos. Que horas maravilhosas eram aquelas.
Meu irmão é apaixonado pelo que faz e sempre conta suas estórias com um entusiasmo contagiante. Além disso, é muito engraçado e torna tudo muito divertido.
Apesar de parecer, e é provável que seja verdade, que em todos os outros assuntos nossas opiniões sejam sempre tão divergentes (o que muitas vezes nos levou aos gritos e deboches e até interrupções precipitadas do jantar), nós sempre tivemos muita sintonia. Nossas brigam duravam no máximo até a hora de sentar a mesa na noite do dia seguinte e então tudo estava resolvido e as piadas voltavam e as gargalhadas também.
Faz quase um ano, mas sinto tanta saudade que parece que faz muito tempo que ele saiu de casa. Acho que ele sente falta também.
A vida é assim mesmo, temos ir seguindo, não tem jeito. Quem sabe um dia nós encontramos uma forma de resgatar aquelas noites tão divertidas!