Em 1995 Fernando Henrique Cardoso (FHC) assumiu a presidência
do País. Seu desafio era principalmente estabilizar a economia dando continuidade
ao Plano Real, organizado por ele
então Ministro da Fazenda e iniciado um ano antes no governo de Itamar Franco.
Além de ter tido sucesso na consolidação da nova moeda, o
presidente promoveu uma série de boas medidas economicas como abrir o país a empresas estrangeiras e iniciar um processo de privatizações em vários setores como o de
telecomunicações, mineração, financeiro... Muita gente, principalmente comunista, acha que privatizar é ruim, mas em país de terceiro mundo, corrupto, ela deve ser
incentivada porque empresas estatais não podem dar lucro se são
administradas por políticos. Elas viram cabides de emprego, ficam inchadas, as
verbas são facilmente desviadas, normalmente os líderes não são eleitos por competência
e sim por influencia. Quando privatizadas essas empresas passam a dar lucro ao
estado em forma de impostos, mas nessa época existia no Brasil uma coisa chamada oposição. Basicamente feita pelo Partido Trabalhista (PT) e como todo partido de
esquerda, o PT é populista, levanta oportunamente e erroneamente a bandeira dos pobres, coloca uma classe contra
a outra. FHC, então, ganhou fama de presidente dos ricos, dos banqueiros, dos
empresários... O povo queria mais, queria um governo mais igualitário e foi às urnas votar expressivamente no candidato de esquerda Luiz Inácio Lula da
Silva.
Realmente a entrada do Lula em 2003 foi um manifesto popular, pessoas que
nunca tinham votado nele depositaram confiança, colocaram o símbolo do partido
em seus carros e janelas, bandeirinhas com a estrelinha vermelha eram vistas
com frequência nas ruas e a insuportável musiquinha da campanha “Lula lá“ estava
em todos os lugares.
Sem fugir a regra, o governo esquerdista, populista, oportunista,
liderado pelo carismático presidente da República, dividiu mais ainda as
classes dando esmolas ao invés de resolver problemas, nivelando por baixo,
deixando a população cada vez mais bitolada para facilitar sucessivas reeleições
e a roubalheira desenfreada. Ele fez tudo que dizia ser contra.
Eu, com orgulho, digo que nunca votei PT para nenhuma
estancia e sabia que a entrada do partido traria um retrocesso absurdo ao país.
Lula é um dos políticos mais importantes da nossa história.
Quando digo importante me refiro ao fato de ter sido um dos que mais causou
impacto no país, impacto negativo que aniquilou o progresso e os danos continuam e vão ser
sentidos por muito mais do que seus oito anos no governo.
Entre os golpes de mestre na tentativa bem sucedida de
ganhar o povo ele transformou o Bolsa Escola em Bolsa Família, uma medida que
distribui uma quantia em dinheiro por filho para as famílias menos favorecidas
incentivando assim a natalidade e ganhando cada vez mais futuros eleitores. Com
o aumento desta parcela da população houve a necessidade de melhorias nas áreas
de saúde, educação, saneamento e transporte, mas isso não aconteceu, pelo
contrário os valores gastos nestas áreas foram menores que os estabelecidos
gerando um colapso. Além disso, pessoas demais com educação, condições de moradia e emprego de menos geram um aumento expressivo da violência.
Enquanto isso, o governo deu outro golpe de mestre que foi
acabar com a oposição. Como? Todo mundo tem seu preço, certo? Os políticos, incluindo os partidos opositores, também ganharam seus “bolsas família”, seus quinhões, daí
surgiram os mensaleiros, por exemplo. Para satisfazer a todos, cargos foram
criados, ministérios, secretarias, a máquina pública foi inchando. Para dar
conta de todos os salários, benefícios, dinheiro extraoficial, mesadas, superfaturamentos,
propinas e afins, os impostos foram aumentando.
Lula é carismático a ponto de ter sido reeleito um ano após o escândalo do mensalão. Os absurdos continuaram, os excessos foram se multiplicando por mais 4 anos. O poder ex-presidente sobre o povo era tanto que sua sucessora foi eleita sem dificuldade.
Aí veio a Dilma. Começou bem, mas meteu os pés pelas mãos no exagero, foi tomando medidas cada vez mais absurdas, mais irritantes, mais sem vergonhas. Só que ela é carisma zero e a máscara do PT foi caindo.
Para coroar o deboche em cima do povo e o enriquecimento da
classe política vieram a Copa e as Olímpiadas. Não existe nada melhor para
superfaturar do que obras, principalmente aquelas que, além de promover
enriquecimento rápido e exponencial, estão justificadas no fato de dar ao povo
o que ele mais gosta, futebol. Melhor impossível.
O grande problema é que eles extrapolaram muito. Começaram a
chamar o povo de idiota todos os dias.
Em minha opinião a virada se deu por vários fatores tais
como:
1-
A revolução dos países árabes, pobres,
derrubando ditaduras, mostrando que é possível;
2- Falta de capacidade da presidente de cativar o povo;
3-
O movimento moralista do então ministro e hoje presidente do Supremo
Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, nos fazendo acreditar que se ele, “sozinho”, está colocando a
cara a tapa, nós também podemos, nós também queremos essa mudança, nós temos que apoiá-lo;
4-
A entrada dos políticos acusados de desvio de
dinheiro em altos cargos do governo mostrando que eles são tão confiantes que
cagam baldes para as decisões da justiça e principalmente para a opinião
pública;
5-
A tentativa do governo de diminuir o poder do
Ministério Público e do Supremo para aumentar a impunidade com emendas na Constituição
(PEC 37 e 33);
6-
A entrada catastrófica do Feliciano na Comissão
de Direitos Humanos;
7- Gastos abusivos com as obras da Copa;
8- Inflação correndo solta;
9-
E finalmente, os 20 centavos a mais num sistema
de transporte público ineficiente, sobrecarregado, que não atende as necessidades da população, mas serve apenas aos
empresários e políticos que fecham com eles.
Agora, a bomba explodiu. As pessoas entenderam que é
possível ir para as ruas. A política
voltou a ser assunto diário. Esse movimento todo numa época em que o país cedia
uma Copa internacional de futebol, sendo esta deixada em segundo plano como
deve ser, é lindo demais.
Vamos que vamos BRASIL.