Eu vi um filme sobre apartheid há muito tempo e fiquei a principio consternada e depois encantada com o jeito que Mandela dissolveu o sistema racista e transformou o país em uma democracia multirracial.
Ele conseguiu acabar com um sistema repressivo, violento,
impiedoso, que gerou muita dor e raiva e, com certeza, um grande sentimento de
vingança, sem deixar o jogo virar, ele simplesmente zerou tudo.
Numa atitude brilhante, pacificadora e corajosa, Mandela
perdoou os crimes cometidos pelos brancos. Eles tinham que ir ao tribunal,
confessar diante das famílias negras todo o mal que fizeram e pronto estavam
livres. O primeiro sentimento que brotou em mim, foi o de injustiça. Como
aqueles crimes tão perversos iriam ser perdoados sem nem serem julgados? Junto à
ficha caindo em minha cabecinha de ervilha veio o encantamento. Foi com essa
atitude superior e nobre de paz e não de vingança que Mandela acabou com a “guerra”.
Ninguém revida, ninguém mais sofre, a palavra é o perdão. Naquele cenário
racista só um negro, alguém do lado mais “fraco” e sofrido, conseguiria fazer o
povo absorver em seu coração a grandiosidade do ato de perdoar.
Li uma frase de Mandela “Lutei
contra a dominação branca e contra a dominação negra”. E esta foi sua maior
virtude, o olhar distante no futuro e no
desejo sincero da paz acima de tudo, evitando que o país sofresse ainda mais
com um troco que não teria fim. No ato de não revidar, Mandela fechou um ciclo e elevou sua
condição de vida e a de seu povo.
O corpo de Mandela se foi, mas seus ensinamentos de paz e
perdão, sua sabedoria, sua humanidade, sua coragem e sua luz continuarão para
sempre brilhando no mundo inteiro.