quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Patrick


Quando eu tinha uns 14 anos, cismei que meu quarto tinha que ser rosa. Pedi ao meu pai de aniversário ter todas as paredes do quarto pintadas de rosa. Não um rosa qualquer, mas rosa choque (hoje rosa pink). Meu pai não se meteu, mas ao ver a cor que eu tinha escolhido, ficou escandalizado. Desejo realizado.

Minha mãe, por sua vez, adorou a nova cor e me conhecendo com a palma da mão, me deu dois posters lindos e enormes. Um do Michael e outro do Patrick Swayze, o segundo ficava bem em frente à porta, era a primeira coisa que via ao entrar no quarto. Os dois nas paredes rosa se destacavam ainda mais.

Quinze anos depois, no mesmo ano, em menos de seis meses, eu perdi os dois, Michael e Patrick.

Os dois me conquistaram, a princípio, pela dança. Depois por tudo mais que eles eram.

Eu fui uma vítima de Dirty Dancing. Vi e revi centenas de vezes. Sonhei, dancei, cantei, amei, decorei as falas. Aquele homem me pegou de jeito, lindo e forte que dançava como ninguém e melhor: junto. A partir daí, Patrick podia fazer qualquer filme, ele podia fazer qualquer coisa: lutar, assaltar banco, dançar, ser médico, fantasma, travesti, qualquer coisa, que eu ia assistir. Como dizia meu irmão, se ele fizesse o filme “atravessei a rua e voltei” eu ia assistir, e ia mesmo.

Eu sei que ele tentou, lutou, e por isso estou tão triste. Não desistiu, mas, mesmo assim, não teve jeito.

O meu herói Patrick vai estar sempre comigo, nos meus sonhos, na minha memória, no meu coração.

Mais uma vez, estou de luto.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Coisas do Rio


Na rua Via Nove, no bairro do Recreio dos Bandeirantes no Rio, tem um canal. Neste canal vivem jacarés. Segundo especialistas, jacarés do papo amarelo.
Eles estão bem ali, numa área urbana, numa rua movimentada, no meio da cidade, uma dessas maravilhas que só acontecem no Rio de Janeiro.
São tantos e tão bonitos. Nos dão de presente um espetáculo quando estão na superfície, imóveis, dividindo com a gente um dia de sol.
Infelizmente, a única coisa que recebem em troca é um canal fedorento e negro, cheio de lixo e esgoto. Às vezes recebem pedradas e cutucadas de cidadãos mal educados tão comuns em nossa cidade.
Como eles sobrevivem no meio de tanta poluição, o que eles comem, como se reproduzem, nada disso eu sei. Só sei que não há como atravessar a ponte sobre o canal sem parar, nem que seja por apenas uns segundos, para procurá-los, admirá-los e agradecê-los pelo espetáculo.
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