sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Maria Gadú

Dia desses uma amiga sem mais nem menos, nada especial, me presenteou com um CD. Era de Maria Gadú.

Uma outra amiga já tinha me falado dela. Minha mãe também. Ela a viu no Sem Censura e não estava levando muita fé. Gadú escolheu cantar Ne Me Quitte Pas e, diante das caras incrédulas dos convidados de Leda Nagle, arrasou. Um francês perfeito, uma voz maravilhosa, um arranjo gostoso e a já saturada canção ganhou cara nova, brasileira, irresistível.

O fato é que desde que eu ganhei o CD, não parei de ouvir. Gadú tem uma voz rouca confortável aos ouvidos. A maioria das letras é dela. São letras sofisticadas e regionais, assim como os ritmos de estilos variados e bem brasileiros.

Hoje em dia lamentavelmente tem muita gente fazendo porcaria por aí. É tanta caca que por falta de opção, acaba sendo digerida e absorvida. Numa época desta, é maravilhoso saber que ainda tem alguém fazendo música de qualidade.

Ela resgatou o melhor da MPB e por isso já é um sucesso.

domingo, 22 de novembro de 2009

Falando de Cachorros

Com a morte de Catarina, minha família ficou com 11 membros, três dos quais são cachorros.

É isso mesmo. Nossos cachorros, ou melhor, cadelas, são membros da nossa família, são nossas filhas. Morrendo uma, não há conforto no fato de termos mais três, pois aquela era única e insubstituível. Como qualquer um de nós.

Há muito tempo temos cachorros, mas pela primeira vez tivemos quatro ao mesmo tempo. Pudemos observar que mesmo as que eram da mesma raça e passaram a vida juntas, eram seres totalmente diferentes, com atitudes, reações e personalidades diferentes. Uma é calma, a outra bagunceira; uma late à toa, a outra a segue sem nem saber o porquê do latido, a outra fica de longe olhando sem entender nada; umas são limpinhas outras nem tanto; uma toma remédio facilmente roubando o comprimido da nossa mão, a outra só misturando na comida, a outra a força; umas comem enlouquecidamente, outras educadamente; uma é da mamãe, outra da vovó, outra do vovô... Em comum, elas têm o amor incondicional que sentem por todos nós. Todas são carinhosas, intensas e muito ciumentas.

Nós somos apaixonados por elas. Como diz a minha avó: Elas são a coqueluche da casa.

Se elas nos dão trabalho? Não vou mentir, dão. Trabalho e também preocupações, mas nos rendemos a elas, mesmo sem querer, basta olhar aquelas carinhas desesperadamente felizes e saudosas toda vez que chegamos em casa ou quando entramos e saímos do banheiro, como se tivéssemos passados dias lá dentro ao invés de minutos. Ou quando alguém saí e elas ficam tristes atrás da porta esperando, quanto tempo for necessário, a pessoa voltar.

Então, estamos tristes e eu entendo a tristeza de vovó que perdeu sua grande companheira, aquela que a seguia o tempo todo e a todo custo, mesmo que tivesse que acordar (e acordava ao simples movimento da minha avó), deixar de lado o carinho de outras pessoas e parar de comer. Ela deixava tudo para trás para seguir feliz todos os passos de vovó.

Para os que não conseguem entender, só me resta pena, pois a vida é muito mais colorida quando se tem membros como estes na família.

sábado, 14 de novembro de 2009

Catarina


Minha Catarina tinha 10 anos. Era delicada, medrosa, educada, limpinha e gulosa. Das quatro cachorrinhas era a mais meiguinha.

Cacá sofria do coração. Seu problema foi diagnosticado tarde demais e mesmo com o tratamento, ela não resistiu.

A casa anda triste. Vovó inconsolável. Manuela, a irmãzinha, perdida na casa.

Quando se tem um cachorro, mesmo sem ter sido trazido por você, mesmo se você tiver relutado com a idéia, uma hora vai se apaixonar, muito, não tem jeito.

Os filhotes em geral não me atraem muito porque apesar de serem fofos são irritantes, bagunceiros e destruidores, mas Cati não. Catinha sempre foi obediente.

Ela veio aqui pra casa para fazer companhia à irmã hiper ativa, mas apesar de serem da mesma raça, Katie já se mostrava diferente, calminha. Só implicava com as irmãs, pois tinha ciúme. Como era dominante, mesmo sendo a mais pequenina, impunha respeito entre as cachorrinhas.

Os cachorros são tão verdadeiros e nos amam tão intensamente que nos trazem felicidade o tempo todo, nas pequenas coisas e fazem com que nós nunca nos sintamos sozinhos. Nos ensinam um pouquinho sobre amor. Amor sem nada em troca. Amor por amor.

É difícil aceitar que essas coisinhas tão preciosas durem tão pouco. Acho que por elas serem tão especiais, Deus as quer sempre por perto.

A falta que estamos sentindo, eu sei, só o tempo resolve.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

This Is It

O documentário dirigido por Kenny Ortega é simplesmente perfeito. Consegue passar com exatidão como seria a turnê de Michael Jackson.

Mostra o amoroso, comprometido, engajado e exigente (tanto com a equipe quanto com ele mesmo) Michael, em ação.

Mostra a equipe fã, vibrando nos ensaios, aplaudindo, gritando, “tietando”.

O show seria grandioso, surpreendente. Teria mensagens de paz e de consciência ecológica. Seria, como sempre, um espetáculo de coreografias perfeitas, com dançarinos perfeitos e comandado pelo mais perfeito deles.

Michael está ótimo. Dançando, cantando, correndo, gritando, comandando com aquela mesma luz de sempre, fica difícil de acreditar que ele estava doente e muito mais difícil de aceitar sua morte tão estúpida e repentina.

No cinema dava para ver as cabecinhas dançando e ouvir as vozes cantando cada uma ao seu jeito, gritos de “hohoo, au, ihiii”, pés batendo no chão, estalos de dedos marcando as músicas, palmas, risos, lágrimas e no final a ovação.

Eu, assim como tantos outros órfãos de Michael Jackson, cantei, dancei, gritei, aplaudi, chorei, ri e saí feliz, querendo mais e ao mesmo tempo sentindo pena de mim mesma por não ter mais Jacko por aqui.

Eu nem mesmo sei explicar o tamanho do buraco que ficou no meu coração. Dói.

Recomendo à todos. Não percam.
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