sábado, 26 de junho de 2010

O Mundo Pós-Aniversário

Ganhei o livro de Lionel Shriver de aniversário por pura gozação de um amigo, por causa do título e de meu drama da crise dos 30 (surpreendi-me com o fato de não ter nenhuma relação com idade ou ficar velho).

Na época estava lendo outro e ainda tinha um fila. Há um mês chegou a vez de "O Mundo". Na verdade chegou a minha vez de ter uma experiência fantástica. Senti-me como Alice no País das Maravilhas, mas ao invés de entrar na toca do coelho, entrei no livro.

Na minha opinião, Lionel teve uma sacada brilhante ao dividir a estória em duas, de acordo com as escolhas da protagonista. Sincronizadas e com brilhante ligação, as estórias seguem paralelas fazendo o leitor pensar em destino e livre arbítrio, em caminhos escolhidos e recusados, oportunidades agarradas e perdidas, momento.

Estou sempre lendo, mas já tinha algum tempo que não mergulhava de cabeça, contei o livro para várias pessoas que começaram a acompanhá-lo através de mim e até me apaixonei por Ramsey Action, o único personagem que se manteve fiel as suas convicções nas duas estórias.

O final me foi devastador. Chorei a beça. Fiquei com “raiva” da autora e fiz um único, romântico e feliz final para as duas estórias de onde também se pode tirar uma “lição”, mas não posso contar porque vou estragar o final de vocês.

O Mundo Pós-Aniversário é surpreendente, às vezes indecente e apesar de ter dois mocinhos, não tem príncipes encantados, ou seja, é realista. Eu recomendo.

domingo, 20 de junho de 2010

Copa 2010

A primeira copa que acompanhei com afinco foi a de 94. Nas anteriores, tinha sido levada a participar pelo entusiasmo de todos e para dizer a verdade nem lembro.

Aos 14 anos, na condição elevada de estudante (a qual sinto uma faaalta) pude acompanhar todos os lances de todos os jogos. Nesse ano, a seleção, apesar de recheada de craques como Romário e Bebeto, estava desacreditada, mas aos poucos foi ganhando a confiança e a simpatia de todos. Eu fiquei abestalhada, não só via os jogos, como os programas esportivos, lia os jornais e recortava as fotos dos jogadores. Ainda não satisfeita escrevi cartas para todos os jogadores (todos, incluindo reservas) coloquei num grande envelope de papel pardo, escrevi o endereço da caixa postal e pronto, parei por aí. Nunca enviei, mas as tenho guardadas lacradas dentro do envelope até hoje.

Enfim 2010. Sabe, quando penso em África do Sul me vem uma pergunta: como tão poucos (às vezes basta um, como, por exemplo, no caso de Hitler) podem dominar tantos por tanto tempo? Bom, de qualquer forma, isso é passado, ainda bem. Hoje, o país recebe pelo menos 32 nacionalidades. Este ano talvez a Copa seja da luta contra o preconceito, haja visto que o time Alemão tem um Brasileiro afro-descendente além de alemães com origens turca, espanhola, tunisiana, enfim é um time miscigenado. Se o corpo de Hitler não tivesse sido queimado, estaria se revirando na cova, com certeza.

Nesta Copa pela igualdade não é de se espantar que o animal que mais sai é a zebra, dando chance a todas as nacionalidades, sem o preconceito da tradição, de comemorarem.

Fora isso, Dunga mostrou que está no clima e deu chance a jogadores “anônimos”, deixando de fora antigas estrelas apagadas, mas que o povo insiste em querer escalar.

Claro que torço pelo Brasil, sempre, mas confesso que torço também pela África do Sul, por ter um povo merecedor de todo respeito. Os Sul-Africanos souberam passar uma borracha no passado, perdoar, propositadamente negligenciar para progredir. Enfrentando toda a dor foram superiores. A raça negra, que durante anos, imbecilmente, foi considerada por alguns menor, menos inteligente e capacitada, deu ao mundo uma bela lição, uma das maiores da história.

Também torço por eles porque que estão pagando a alta conta de sediar uma Copa e que provavelmente vão continuar pagando por algum tempo. Esta mesma conta pagaremos em 2014.
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