quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Luto

O filme Tropa de Elite (2008) foi um estrondoso sucesso. Foi o filme brasileiro mais visto de todos os tempos. Foi um sucesso porque foi baseado em fatos reais que, sejam eles totalmente verdadeiros ou não, mostraram ao público que pode existir uma polícia forte, especializada e não corruptível. É disso que o Brasil carece e por isso o BOPE foi admirado e exaltado.

Nós queremos segurança. Nós queremos PAZ.

Por outro lado, o filme mostrou uma PM corrupta, nojenta, assaltante, covarde. A polícia que fornece armas a bandidos, que rouba peças de carro, que promove a lucrativa ilegalidade.

Na Lapa essa semana ficou bem claro que, no que diz respeito a PM, o filme além de real, ainda deixa a desejar, a PM é muito mais nojenta. Desta vez, ao que tudo indica, os policias usaram seu poder para assaltar os covardes assassinos de Evandro.

É claro que não podemos generalizar, mas...

No vídeo tudo me impressionou, a começar pela naturalidade dos bandidos em tirar uma vida. Eu, AINDA, me impressiono. Os homens após atirarem, foram embora tranquilos, sem correria, sem desespero, sem medo de serem pegos, como se estivessem acabado de comprar um sorvete. Quantas vidas será que eles já tiraram? E da polícia nada se pode esperar. Há muito tempo nós, cariocas, morremos de medo dela, mas de qualquer forma aquelas cenas foram dolorosas e chocantes.

Evandro, apesar de Silva, não era só mais um, era coordenador do grupo AfroReggae e além disso, bandidos e policiais bandidos tiveram a “falta de sorte” de terem seus atos filmados e irem parar na TV. Então, desta vez, porque houve essa sucessão de fatos não convencionais em torno do caso, os policiais foram presos e PODEM VIR a serem expulsos da corporação. Parece que outros policiais estão a procura dos criminosos, até uma investigação está sendo feita!

Ah, Evandro, assim como outros tantos, morreu por um casaco e um par de tênis.

Enquanto isso, as notícias sobre mudanças nas leis do código penal não param de chegar, leis cada vez mais brandas e permissivas. Chega a ser ridículo. Ainda tem uma coisa que leva o nome de “direitos humanos”, que é ainda mais ridículo. O povo no Rio já está tão cansado de ser massacrado, chacinado, que deixou bem claro em seu frenesi pos lançamento de Tropa de Elite, que quer o combate à violência custe o que custar. Ninguém quer mais saber DESTES tais direitos humanos que, assim como as leis, parecem funcionar contra a população.

O Brasil está tão podre que há muito já perdi quase toda a esperança. Digo que não acredito mais, mas no fundo, tenho a ansiedade de uma criança em noite de Natal por uma pequena boa notícia, um pequeno movimento de mudança, um esboço de melhora, um mínimo passo a frente, qualquer coisa.

Enfim o final da estória: De novo, nada vai ser feito.

Luto, desta vez por Evandro e pelo Rio.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Pausa

Pausa nas férias, no trabalho, na vida e um minuto de silêncio por Vila Isabel.

Como que prefeito, governador e presidente ousam colocar a cara na TV para falar qualquer coisa a respeito da guerra que Vila Isabel está vivendo sem assumir a culpa? Quando vão mostrar as mãos sujas de sangue?

O tiroteio começou meia noite, na madrugada de sexta para sábado, entretanto a polícia só subiu de manhã. “Ta dominado, ta tudo dominado”.

Como e porque um bandido numa prisão de segurança máxima usa celular??? Aliás, o que é uma prisão de segurança máxima? Alguém pode me explicar?

Em Vila Isabel, na Rua Senador Nabuco, Silva Pinto e imediações, há muito tempo, os bandidos andam com suas armas a mostra. Há muito tempo que não se pode passar de carro por ali. Se eu sei disso, é claro que a polícia sabe. E aí? “Ta dominado, ta tudo dominado”.

Agora o fim da estória: A polícia fica no morro até matar os culpados pela morte dos policiais. Feito isso, eles vão embora, o bairro fica entregue a própria sorte e os moradores ao regime dos traficantes. Até a próxima guerra, ou o próximo policial morto.

Ninguém (nem governo, nem polícia, nem povo) vai fazer nada. Até porque em 2016 tem as olimpíadas. A nossa esperança de um Rio melhor, de um Rio perfeito. HÁ!

sábado, 17 de outubro de 2009

Férias

Fui para Bahia.
Tive uma conferencia em Salvador e graças a ela, eu e um grupo de amigas pudemos tirar férias, longe dos namorados, maridos, noivos e filhos também. Desta forma, tivemos um tempo de liberdade.

Eu nunca fui uma pessoa de viajar com muitas amigas, apenas arranjo uma companhia e vou, em dupla. Desta vez, nos cinco primeiros dias éramos quatro e depois sete mulheres, amigas, livres, na Bahia.

É verdade que Salvador está meio abandonada, escura, com muitas favelas. O Pelourinho está de novo caindo aos pedaços, sujo, com as fachadas precisando de mais uma reforma e os pedintes te intimidam, a ponto de ser quase um assalto. Dizem que eles não fazem nada, é só pressão, mas quem vai pagar para ver?

De qualquer forma, Salvador é tudo. E eu nem gosto de axé. É tudo de bom porque é só olhar em volta para nos depararmos com a nossa história, porque realmente as pessoas jogam capoeira nas ruas, porque tem o Olodum, porque existe um elevador bem no meio da cidade, porque lá tem azeite de dendê, acarajé, abará, caruru e moqueca e principalmente porque lá tem baianos.


Os baianos são simples e simpáticos. Realmente eles estão em outra rotação, eles não são lentos, mas cuca fresca, não se estressam à toa. E um simples e verídico caso pode facilmente ilustrar: De férias, saindo da praia enrolada na canga, bate um vento que levanta a canga, e deixa a mostra o biquíni, na mesma hora a mão vai para impedi-la de levantar e para esconder o biquíni, como se ele não estivesse ficado amostra o tempo todo em que estava na areia. Nisso passa um baiano e sussurra ao ouvido: Oxe menina, deixa o vento entrar.

E todos os dias das minhas férias, quando me vinha um pensamento que pudesse me gerar algum conflito ou estresse, eu parava, respirava e pensava: Oxe Monique, deixa o vento entrar.
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