quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Festas em Itaipuaçu

Quando meus pais se separaram, nós paramos de ir a Marica, até que meu avô vendeu a casa.
Tivemos que reinventar nossas férias e toda a época de festas. Fomos bem sucedidos, apesar da mudança, mas sem querer descobrimos outro lugar.
Ano passado alugamos uma casa em Itaipuaçu, fomos todos passar as férias reduzidas a 10 dias, afinal agora não são mais férias escolares, mas férias de trabalho que é muito diferente.
A casa é ótima, tem rede, piscina e churrasqueira. O que nos fez voltar aos tempos dos petiscos a beira da piscina, que eu adoro. Bolinho de bacalhau, queijinho, salame, filezinho acebolado com pãozinho... Uma delícia. O clima é de simplicidade igual ao de Marica, porém com alguns upgrades, afinal a piscina não é Toni e a churrasqueira é de tijolos, mas não aquela improvisada de tijolos empilhados, e sim aquelas que tem até chaminé.
Eu aproveito a rede na sombra para colocar a leitura em dia e os dias de sossego para estudar pelo menos um pouquinho.
Meus avós ficam que nem crianças na piscina. Meu avô aproveita para fazer muita palavra-cruzada. E minha avó agita o jogo de cartas, buraco.
As minhas cadelinhas, as 4, vão com a gente, se não fosse assim, não seria. Não viajaríamos todos sem elas. Elas ficam que nem pinto no lixo, cavam, comem cocos, perseguem os insetos, às vezes levam picadas e ficam com os lábios inchados... A Lalá, nossa labradora pula na piscina de 5 em 5 minutos, fazer o que? É instinto.
Tem gente que acha o Natal triste, eu ADORO. Um dia com a família toda reunida e feliz, comida gostosa, muitos presentes, abraços, beijos e carinho.
Desejo a todos um NATAL tão FELIZ quanto o meu!!!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Marica só pode ser descrita em muitas, muitas palavras...

Quando eu era criança meus avós tinham uma casa em Marica.

Meu avô comprou um terreno em Itapeba, distrito de Marica em 1976 e começou a construir nossa casa devagar, como o dinheiro permitia, isso foi antes deu nascer.

Tudo foi feito aos poucos com a ajuda de todos.
Um amigo nos deu de presente a planta da casa.
Meu outro avô (paterno) era dono de uma casa de construção e nos deu azulejos para o banheiro e cozinha. Reza a lenda que no início era só no box, mas desde que eu possa me lembrar o banheiro já era todo azulejado. Ele também nos deu a caixa d’água de 1000 litros. Para uma casa que vivia lotada 1000l não era nada, então logo alguém berrava ensaboado de dentro do box: acabou a áaaagua, e começava o telefone sem fio: "liga a booomba", "já ligueeeei" e alguns minutos depois: "olha o ladrãaaaaao", alguém avisando que a caixa já estava cheia, a água estava vazando pelo ladrão e molhando nosso quintal todo, era hora de desligar a bomba.
As portas e janelas foram dadas pelo irmão da minha avó. Eram de ferro verde e fechavam com outra parte de vidro. Reza outra lenda que no início minha família tinha que colocar filó nas janelas para os insetos não entrarem, mas eu não peguei essa época, peguei as janelas já com uma enorme tela verde que acoplávamos a elas, mas que cismavam em cair toda hora deixando os mosquitos entrarem. Aí, alguém tinha que ir por fora da casa e num malabarismo acoplar a enorme tela de volta no lugar. Tínhamos outras armas para os mosquitos, usávamos um tipo de incenso em espiral que era repelente, luzes amarelas na sala, não estou falando de luz quente, estou falando de luz quente pintada com uma tinta amarela porque não se sabe quem disse que luz amarela espantava mosquitos e eram tantos, assim como nosso desespero, que nem questionávamos a veracidade dos fatos. Ah, e ainda é claro, passávamos repelente.

Os móveis eram de alvenaria e o tampo de mármore da grande mesa da sala também foi doado por um tio do meu pai, e assim a casa de Marica foi sendo construída.

O resto dos móveis da sala era uma estante velha, uma rede, cadeiras de praia e uma antiga televisão com Bombril na ponta das antenas.

A parede era de cimento chapiscado, só para cobrir os tijolos, os do teto apareciam. O piso da casa também nos fora dado, era de cerâmica não vitrificada. De início podia parecer estranho, mas logo percebemos a praticidade do piso porque não precisávamos nos preocupar em não molhar a casa depois de um dia na piscina Toni de 2.000l, pois secava rapidinho. E se a casa ficasse suja, era só entrar com uma mangueira na casa e lavar a casa toda, pois o chão absorvia a água e logo estava tudo sequinho e ainda fresquinho.

Porta só tinha no banheiro. A experiência de ter quartos sem portas nos foi útil, pois percebemos que a falta de privacidade era o ponto alto da casa e quem quer que fosse para lá, e o que mais tinha era gente querendo ir para lá, já sabia que teria que conviver com isso.

Marica era a prova do que o simples pode ser mágico.


Minha deliciosa infância em Marica

Todos os nossos momentos naquela casa foram mágicos. Nós, as crianças da época, ficávamos soltos por Itapeba sem que nossos pais ficassem preocupados, e passávamos o dia inteiro “explorando” as “matas” da região. Fizemos muito bolinhos de terra enfeitados com flores que pegávamos caídas pelo chão, vestimo-nos de bate bola no carnaval, pegamos frutas no terreno dos outros, até roubar galinha da vizinha roubamos (digo, o meu irmão, né? Claro), mas não colocamos na panela, até porque essa não era a intenção. A muito custo e depois de uma boa bronca, a galinha foi devolvida à dona, que provavelmente a colocou na panela. Fizemos arco e flecha de bambu, matamos cobra, meu irmão plantou um pé de cana que, para nossa alegria, pegou. Criamos pintinhos, acolhemos gatos de rua. Teve gente caindo de árvore, teve gente caindo no rio, mas não foi criança, o que prova que adulto também apronta.

Era lá que andávamos de bicicleta, que aprendíamos com meu avô tantas músicas da época dele que, além das letras, aprendemos a gostar.
Foi lá que convivemos com rãs, marimbondos, lagartixas, vacas, galinhas, patos e tantos outros bichos inclusive piolhos para desespero das mães.
Ainda vivi no meio de bananeiras, pitangueiras, pés de jamelão, limoeiros, enormes pés de jaca (eu sempre ficava pensando em como Deus foi brincalhão ao fazer jacas dar em árvores), mangueiras dentre outras tantas.


Um lugar mágico para crianças e adultos

Enquanto nós só tínhamos o dever de nos divertir, os adultos também se divertiam, visto que a única preocupação com a gente era a hora das refeições. As refeições? O que tinha de mais simples, rápido e prático, para que ninguém perdesse tempo com elas. Então os mais clássicos e fantásticos pratos em Marica eram macarrão com salsichas, arroz com ovo mexido (ou ovinho de Marica), e cachorro-quente de lanche.
Isso quando os adultos não faziam churrasco na nossa super churrasqueira de tijolos empilhados a beira da piscina Toni. Os petiscos? Ovo de codorna, salaminho, azeitona, queijinho prato cortado em cubinhos... Para os adultos cerveja e para as crianças refrigerante.

Em época de carnaval íamos dormir tarde da noite. Os adultos torcendo cada um para sua escola de samba e era uma briga que valia a pena. Por causa dessa época eu passei a gostar de samba. Sei muitos sambas enredo da década de 80, época que freqüentávamos a casa e mesmo eu sendo bem pequena gravei as letras.
Também havia carteado até tarde. Nós, crianças, não participávamos, ficávamos só ouvindo os assuntos e as divertidas brigas, os roubos da minha avó e de um tio, aqueles que não sabem perder, outros que erravam as contas quando estavam “vu”...

O terreno do lado era abandonado, só tinha um grande pé de jamelão no centro, que era “nosso”, e uma vala bem ao lado do nosso muro, fedorenta e cheia de mosquitos. Naquela época nosso senso ecológico era zero, já que aquilo era uma vala mesmo, era um tal de voar lata de cerveja por sobre o muro. Lata de lixo, pra que? Joga na vala do vizinho. Uma das diversões dos adultos era colocar latinhas de cerveja em cima do muro e tentar derrubá-las com uma espingarda de chumbinho e se acertassem a lata já caia na vala do vizinho. A vala se vingava da gente, era só começar a chover.


Mesmo com imprevistos nosso paraíso era Marica

Por duas vezes houve uma forte chuva em Itapeba enquanto estávamos lá, a água foi subindo, subindo até que entrou em casa. Um das vezes, meu pai colocou as crianças dentro de um bote (que ele tinha e usava para passear com meu irmão pela lagoa de Marica que ficava a poucas quadras da nossa casa) para podermos sair da casa sem precisar nos molhar nas águas imundas misturadas as águas da vala e de todo lixo que jogávamos nela. Para os adultos muita preocupação, mas para as crianças uma super diversão, passear de bote por cima do muro da casa, onde mais poderíamos fazer isso senão em Maricá?

Depois que os adultos tiravam da tomada tudo que podiam e ainda colocavam os colchões em cima da nossa super mesa da sala, que era alta, eram eles que saiam andando alagados nas águas da chuva e lá íamos nós procurar abrigo. Normalmente quem nos dava abrigo era um vizinho que morava na parte alta da rua que não alagava, ele tinha uma oficina em frente à casa dele e nos deixava ficar lá. A oficina do vizinho tinha muitas goteiras, mas tudo era festa, pelo menos para as crianças. No final agradecíamos a hospedagem, que era muito generosa e éramos muitos.

A aventura pós-enchente era voltar para nossa casa e olhar pelas marcas na parede até onde tinha chegado o nível da água, às vezes era bem assustador ver a invasão das águas.

Com tudo isso, toda essa aventura e pouco conforto, a casa só podia viver cheia, era uma briga danada para ver quem ia, eu nem me preocupava com isso afinal a casa era nossa. Até gente acampada no quintal já teve, já abrigamos 50 pessoas entre tios, primos, amigos, vizinhos do Rio...

Nossa casa era simples, mas alegre e muito, muito feliz. Durante 10 anos fomos todas as férias e feriados religiosamente para nossa casa encantada onde fomos marcados para sempre.


E, finalmente, parafraseando a minha mãe: Também conhecida como Casa do Anu: ave preta, pequena, de bico forte e voraz, destruidora de insetos, nossa heroína.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Meus Anjos

Eu nasci em 1980 num hospital em Santa Teresa e de lá, fui direto para casa dos meus avós maternos, onde meus pais moravam. Lá morei por 4 anos até meus pais comprarem o apartamento que eu moro até hoje e há 7 anos meus avós é que moram conosco e desta forma a vida me presenteou, fazendo as nossas vidas sempre muito próximas.
Eu sei o que é ter avós, avós de verdade.
Sinceramente, eu queria ter palavras para escrever sobre meus avós, mas sei que nada vai ser suficiente para explicar com precisão o que eu sinto por eles e o que eles significam na minha vida. Eles são MEUS ANJOS.
Meus avós ajudaram meus pais a me criar, me deram carinho, atenção, amor, educação e sempre, sempre estiveram presentes. São cúmplices, amigos.
Torcemos pelo mesmo time, gostamos de assistir filme juntos (mais a minha avó), discutimos política, esporte, namoros, jogamos juntos, eles participam dos meus problemas, da minha vida profissional, pessoal, dos meus projetos. Ficam acordados até eu chegar tarde da noite (especialmente o meu avô), cuidam da minha saúde e alimentação. Eles me ensinam as músicas da época deles, me contam as estórias deles, do tempo deles e toleram as minhas músicas e escutam as minhas estórias, conflitos, paixões, desilusões, dividem meus sucessos e me ajudam a atravessar as montanhas da vida.
Eles preenchem a minha vida, me fazem uma pessoa muito mais alegre e melhor, eu agradeço a Deus por tê-los na minha vida e sei que é inútil, mas tento retribuir tudo isso.
Nem todos têm a sorte de ter seus anjos tão perto, então para aqueles com sorte como eu, amem seus anjos como eu amo os meus.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Cabelos x Cabeleireiros

Quando tinha 17 anos pintei, pela primeira vez, meus cabelos. Na época, é claro, não tinha cabelos brancos, mas resolvi fazer umas poucas luzes para alegrar um pouco meus cabelos castanhos escuros. Ficou bom, sem exageros, como a idade pedia.

O problema é que quem começa não pára mais. Fui de poucas luzes para muitas luzes (que iluminariam um centro cirúrgico), mechas finas para mechas largas, mechas louras misturadas a ruivas, fiquei totalmente ruiva, voltei para o castanho com poucas luzes e aí começou o meu problema com os cabeleireiros.


Depois de dez anos pintando o cabelo, parece que estou tendo um problema de comunicação, o pior é que agora, estou cheia de cabelos brancos e aturar os cabeleireiros não é mais uma questão de escolha. Minha antiga cabeleireira começou a ignorar o que eu pedia e passou a fazer o que ela queria. Conheci uma outra que alem de fazer uma dessas escovas venenosas no meu cabelo e estragar ele por mais de um ano ainda me colocou com o cabelo quase preto, pelo menos inovou, pela primeira vez um 27 anos (que eu tinha na época) tive o cabelo preto. 


Diga-se de passagem, não há ninguém melhor para arruinar nossos cabelos que os cabeleireiros.

Depois da tal escova, que deve ter sido uma regressiva, ao invés de progressiva, eu não podia mais usar nenhum produto com amônia, porque os fios ficaram fracos e quebradiços, então tive que passar um ano tonalizando de escuro porque não tem como clarear um cabelo castanho escuro sem amônia.
Um ano se passou, eu estava cortando as pontas do meu cabelo rigorosamente de dois em dois meses até toda a escova sair, mas nada do cabelo crescer, então resolvi acelerar o processo e cortei bem curtinho, como nunca antes. E pela primeira vez em 28 anos tive os cabelos ultracurtos. Odiei, depois comecei a gostar, depois odiei mais ainda, depois adorei, afinal existe uma tênue linha entre o amor e o ódio. Finalmente eu poderia voltar para as poucas luzes, então achei um outro cabeleireiro que foi indicado por uma vizinha que tem o cabelo lindo.

Eu disse: quero meu cabelo com fundo castanho escuro e poucas mechas finas e não definidas. Será que é difícil entender isso? Acho que qualquer um entenderia, até meu irmão que é homem e nada sabe sobre cabelos e é contra a minha metamorfose, porém o profissional treinado não me entendeu e eu fiquei loura.
Como eu sou muito branca, com o cabelo louro, comecei a me sentir pálida, quase doente, mas, para não sobrecarregar meu cabelo, resolvi esperar a raiz crescer um mês e meio, e pintar quando fosse a hora certa. O tempo passou, e da segunda vez eu tentei simplificar, disse que queria ser morena com pouquíssimas mechas louras, só para não pesar. Conclusão: fiquei mais loura que a Xuxa. Desta vez não quis mais esperar fiquei com muita raiva e marquei com ele de novo na mesma semana. 

Disse: esquece as luzes, eu quero ser morena. Ele passou uma tinta que segundo ele era o castanho mais escuro que combinaria com a minha pele, resultado meu cabelo ficou laranja.
Fico pensando que cor deve ter a minha pele para combinar com laranja? Será que são as sardas? Será que sou de Marte? Enfim, como tudo tem uma primeira vez na vida, em 28 anos e meio essa é a primeira vez que tenho o cabelo laranja (cobre, segundo o cabeleireiro) e como pintei o cabelo 2 vezes na mesma semana, vou ter que esperar mais um mês e meio para pintar de novo, a não ser que queira ficar careca, o que já passou pela minha cabeça algumas vezes, já que a moda é inovar, porque não?

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Mulheres, Seres em Constante Manutenção

Estou lendo “I Feel Bad About My Neck” (Meu Pescoço é Um Horror).
Um dos tópicos do livro é sobre a nossa constante guerra para ficarmos bem cuidadas, ou seja, sobre os cuidados estéticos básicos que nos deixam, digamos, “limpinhas”.


Até porque se nós, mulheres, deixarmos os cabelos brancos, ou mesmo a raiz do cabelo aparecer um pouquinho além da conta, somos desleixadas, impiedosamente taxadas por nós mesmas, porque enquanto mantivermos o decote ousado o suficiente, os homens jamais notarão a raiz dos nossos cabelos.


Enfim, Nora Ephron me fez pensar em todo tempo e dinheiro que gasto para me manter nos padrões aceitáveis da boa aparência: pelo menos uma hora por semana para fazer pé e mão, meia hora a cada duas ou três semanas para depilar, umas três horas para pintar o cabelo a cada mês e meio (isso porque eu tenho cabelo fino, curto, ralo e que demora a crescer, pensando no aspecto econômico, bem que eu tive sorte!), mais meia hora a cada três meses para cortar o cabelo. E ainda mais tempo em limpeza de pele, fazendo sobrancelha... E olha que eu nem sou tão vaidosa, imagina quem é!


Ah, isso sem contar com cremes, filtro, exercícios, idas ao dermatologista, a esteticista...


Para ser honesta, poupo o tempo e o dinheiro da unha, pois não as faço toda semana, não tenho paciência para ficar uma hora sentada ouvindo aquele papo de salão (novela, casamentos, separações e traições de globais e jogadores de futebol), mas à medida que o tempo passa, a vergonha de estar com as unhas ou a raiz do cabelo por fazer parece aumentar junto com a idade.


Acho uma chatice manter a boa aparência. E uma tortura também.
A primeira vez que me depilei tinha 17 anos. É claro que com essa idade eu já me livrava dos meus pelos com a gillette há muito tempo, mas decidi conhecer o poder da cera. Eu, como tinha sido orientada, deixei meus pelos crescerem para que a cera pudesse pegar, porém, ingenuamente, um pouco além da conta. A esteticista colocou a cera em toda a minha virilha direita de uma só vez, sem dó nem piedade, puxou com toda força. Eu dei um grito e quando percebi tinha sentado na maca de tanta dor. Resultado: fui para casa com um lado depilado e outro não. Só se eu fosse maluca de deixar ela fazer aquilo de novo do outro lado. Que mal eu fiz aquela mulher para ela me tratar assim? Não era esse poder que eu estava esperando. Nunca mais voltei lá e por três anos continuei com a minha fiel amiga e indolor gillette, até que conheci Núbia. Núbia é uma calma e simpática esteticista que me mostrou que a depilação dói, mas é suportável.


Reclamo, acho que as mulheres são escravas, mas é só passar uma mulher com pelos em baixo do braço, cabelos com raízes enormes, unhas mal tratadas e monocelhas que vejo que todo o trabalho, dor, tempo, energia e dinheiro gastos na nossa manutenção são importantes, necessários e fazem toda a diferença. Não temos saída.


Além do mais, tenho que confessar que quando eu saio do salão com as unhas e o cabelos prontos, fora o mau humor de ter ficado três horas sentada com um produto fedorento, que coça e esquenta na cabeça, ao mesmo tempo em que o pé escalda na água e as mãos ficam imóveis com os dedos duros tomadas pelo pavor constante de borrar (sensação esta que dura por pelo menos mais uma hora depois que deixo o salão e que é alimentada por fortes emoções como colocar os sapatos, pegar a carteira na bolsa, pegar o dinheiro na carteira, pegar a chave do carro, colocar o sinto de segurança e dirigir até em casa), quando eu saio do salão estou mais feliz e confiante, pronta para encarar qualquer coisa, até uma reunião de trabalho.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Dia de São Cosme e São Damião

Hoje saí com a minha mãe para comprar docinho de Cosme e Damião. Lembrei-me da infância. Desde que me entendo por gente, damos doces no dia 27/09.

Quando era pequena distribuíamos os saquinhos na casa dos meus avós que ficava perto do Morro dos Macacos em Vila Isabel. Eles eram passados pela janela de um quarto que dava para rua e tinha grade. Tinha que ser assim porque as crianças avançavam. A imagem das crianças se pendurando na grade e implorando por um saquinho não me é boa recordação. Sei que algumas delas estavam se divertindo pegando o máximo que conseguiam e usavam bacias e sacos de mercado para ajudar a carregar tudo que conseguiam, mas tinham as que não conseguiam nada. Mesmo para uma criança era fácil de identificar os "espertinhos", aqueles que faziam de tudo para levar vantagem e eu não gostava desses. :) Para evitar injustiças, minha mãe, minha tia e minha avó, que eram as encarregadas da entrega, ficavam atentas. A parte triste era ver a carinha das crianças que ficavam sem doces e também a contradição de ver crianças alegres que iam a caça de saquinhos de farra e outras tão pobrezinhas que davam a impressão de que passariam uma semana se alimentando somente dos doces.

De qualquer forma hoje montamos nossos saquinhos. Eu gosto dessa parte porque fazemos todos juntos. A família toda participa e é um momento ótimo. Todo ano é assim, todos ajudam e a minha avó fica torcendo para sobrar doces para ela. E não é que sempre sobra!!!

Por esse "ritual" ser tradição na minha família, me fez acreditar que era igualmente tradição em todo Brasil, mas não, não acontece em todos os estados.

Enfim, o dia 27 de setembro está chegando e, como sempre, espero que tenha doces para todos.

domingo, 14 de setembro de 2008

ParaOlimpíadas

Tenho acompanhado algumas etapas das ParaOlimpíadas, o que dá por causa do horário e o que passa na TV, ou seja, pouco. É uma pena porque é fantástico ver nossos super-heróis competindo.
Fico muito feliz pelos nossos atletas que estão arrasando, muitas medalhas de ouro, e com direito a bater recorde.
Como eles conseguem verba? Ninguém ouve falar de campeonatos, de treinos, de estrutura. Se os atletas olímpicos não têm incentivo, os paraolímpicos têm muito menos. Como eles conseguem eu não sei, mas ainda bem que eles conseguem porque é lindo demais assistir ao espetáculo deles.
E que espetáculo!!!Dessa vez as medalhas são em várias modalidades: Natação, Atletismo, Bocha, Judô, Equitação e Remo, ufa! Que maravilha, pra ninguém botar defeito.
Nossos dourados atletas: Daniel Dias, André Brasil, Lucas Prado, Dirceu Pinto, Eliseu Santos e Antonio Tenório são exemplos de perseverança, raça, força, vontade, superação, garra e infinitos adjetivos.
Nossos atletas de prata e bronze também estão de parabéns, afinal todo o grupo levou o Brasil à um quadro de, até agora, 35 grandiosas medalhas, um recorde.
Eles também mostram que é de união que é feito o esporte. Eles se apóiam, se ajudam, torcem, choram e ganham juntos, ou seja, são exemplos do espírito esportivo mais puro.
E digo mais: se os americanos têm o Phelps, nós temos Daniel Dias.

domingo, 7 de setembro de 2008

País do Futebol

Parece que o Brasil vai de vento em popa. Não há mais desemprego, violência, desigualdade, fome, todos tem acesso à saúde e a educação, nossas florestas estão sendo preservadas, as leis estão sendo respeitadas, a polícia agindo impecavelmente e os políticos mais honestos do que nunca, só isso pode explicar o interesse do nosso Presidente pelo futebol brasileiro.
Sem ter nada mais grave com que se preocupar, ele tem dado palpites e, pelo que li nos jornais, até conversado com dirigentes a respeito do rumo que toma a seleção e o futebol brasileiro.
E o outro possível candidato à presidência, que não é bobo nem nada, não ficou atrás, aproveitou as inoportunas declarações de nosso presidente e já se meteu também.
Num país como o nosso, seria uma estupidez um presidente falar de futebol, ou seria um golpe de mestre?
Fico sem resposta visto que o futebol no Brasil, graças a tudo e a todos, tem uma importância gigante, muito além do que deveria ter, muito além do que é. Futebol deveria ser apenas futebol.
Misturar política com religião, como vem acontecendo no nosso país, apesar de ser uma involução, não é original, mas misturar política com futebol só mesmo no Brasil.
É o fim da picada.

sábado, 30 de agosto de 2008

Ser Atleta no Brasil

É tão bom ver um brasileiro no lugar mais alto do pódio, chorando e cantando o Hino do Brasil. Pena que é raro. Talvez o sentimento seja tão grande porque é raro. Os americanos devem pensar “OK, mais uma”, no entanto, nós, brasileiros, ganhamos e perdemos medalhas junto com os atletas, torcemos, xingamos, choramos, gritamos...
A verdade é que não podemos cobrar nada deles, sabemos que o Brasil não investe nos atletas. Os clubes estão se acabando no abandono e nas corrupções. As escolas não se voltam para os esportes, nem as universidades. E muitos brasileiros nem sabem o que é escola.
Nossos atletas têm, na maioria, estórias sofridas. Eles chegam às Olimpíadas por conta própria, por conta de ter treinado com tênis dois números menor que os pés; por conta de ter vendido tudo em sua cidade e ter migrado para outra para treinar deixando a mulher brava e com dívidas para pagar; por conta de ter esperado 10 anos para ter dinheiro para fazer uma prova e mudar de faixa; por conta de ter se fingido de portador de deficiência física para pegar o ônibus para ir treinar porque não tinha dinheiro nem para o ônibus, e, mesmo assim, quando eles ganham, eles se enroscam na bandeira do Brasil e se orgulham de serem brasileiros.
O lado positivo de ganharmos apenas 3 medalhas de ouro é saber que as Olimpíadas não vão fazer o povo esquecer que o Brasil não vai bem, mais medalhas poderiam abafar a falta de incentivo nos esportes e a falta de um trabalho de base, além da corrupção, a violência, a fome, a crise no sistema público de saúde e educação e tudo mais que nos falta.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Brasileiros nas Olimpíadas


Lindo nosso Cesão ganhando ouro! 21s30? Como ele consegue fazer isso??? Como disse meu amigo Leônidas: “Acho que nem se eu fosse correndo na borda faria 50m em 21s30!”.
E pular 7,04m??? Alguém já mediu? Sem ajuda de nada!!! Incrivelmente merecida a vitória. Maurren mostrou ao mundo que o corpo dela não precisa de ajuda.

Ousadas as meninas do vôlei nos mandando calar a boca, isso mesmo, xiiiiiiiiiiiiiiii, o ouro é delas e elas nos emprestam para que possamos chamar de nosso!!!
Parabéns aos nossos atletas, à todos que foram às Olimpíadas. Todos chegaram lá por conta própria.

É claro que me orgulho também das medalhas de prata e bronze, e:

- Quero mais garra do time de futebol masculino, mais vontade, menos pouco caso. Os outros atletas choram suas derrotas e vitórias, nossos meninos do futebol, hoje com dinheiro no bolso, não estão nem aí;

- Quero ver o Diego fazer o salto Hipólito, a Jade, o salto Cheng e a Daiane não mais pisar para fora da linha (tenho a impressão que ela erra exatamente do mesmo jeito em todas as finais!). Numa final Olímpica, não há razão para não ousar, não há razão de não ir ao limite ou de não tentar ir além do limite, se não for nas Olimpíadas, onde mais será? Pra que tanto treino, tanta superação, se na hora, ao invés de dar duas piruetas e meia, só tentamos duas piruetas? O impacto no punho machucado é o mesmo e a queda pode acontecer, como aconteceu, da mesma forma! Falo isso porque acredito nos atletas e sei que eles podem ser os melhores e eu torço para que sejam.

Por fim, uma pergunta que não quer calar: Como uma atleta treina durante quatro anos para ir à uma Olimpíada e é impedida de competir porque a vara sumiu??? Como se some com uma vara daquele tamanho? Resta a nós, e a Fabiana, esperar mais 4 anos para vê-la voar.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Olimpíadas


Sou apaixonada por Olimpíadas!
Vejo tudo que posso, pena que é pouco, Olimpíadas na China é difícil de assistir. Eles acordam quando eu durmo e dormem quando eu acordo! Apesar de gostar muito, não consigo ficar até tarde vendo os jogos. Acordo às 5am todo dia!
Acho os atletas mágicos. A força de uns, a flexibilidade de outros, a graça, a habilidade, a leveza, tudo isso e mais: a garra, a vontade, a luta, a superação, e mais: os corpos esculpidos; os olhares concentrados, orgulhosos; os gestos calculados, ensaiados, precisos; os rostos iluminados.
Perfeitos.
Nessa hora tenho a certeza de que somos perfeitos e me apaixono por tudo que nós podemos ser, tudo que nossos corpos são capazes de fazer.
E depois das Olimpíadas vem outra etapa que me fascina ainda mais, as Para Olimpíadas. Vejo que somos capazes de tudo. Nós podemos fazer tudo!
Os atletas Para Olímpicos me mostram que podemos nos superar ainda mais, que temos mais habilidade, força, vontade e precisão do que imaginamos e mais: corpos que se adaptam; olhares concentrados e vitoriosos; gestos minuciosamente executados; e rostos, às vezes mais sofridos, mas ainda mais iluminados.
Perfeitos, mágicos.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Música de Qualidade

bande delicatessen
Fui apresentada à banda “Delicatessen Jazz” este fim de semana na casa de uns amigos. O CD tornou a noite ainda mais agradável.
A banda de Porto Alegre me encantou. Como eu não os conheci antes?

A voz de Ana Kruger é penetrante e preencheu o ambiente. A banda faz do Jazz um pouco Bossa e as músicas são suaves e gentis aos nossos ouvidos. A vocalista não precisa de gritos, nem de agudos para mostrar que tem uma voz forte e macia ao mesmo tempo.
Vi no youtube alguns vídeos da banda e achei incrível a naturalidade da cantora, ela canta sem esforço, sem caretas, com toda a delicadeza do Jazz e da Bossa.
Fica a dica.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Os Filhos de Maria

Hoje escutei uma estória louca. Maria, uma manicura, contou que ela tem um problema na gravidez que o útero não fecha e não segura a criança (útero arqueado), então tem que ser costurado até o final da gestação.
Na sua primeira gravidez, sua filha nasceu de sete meses e na segunda gestação de seis. Ela estava no interior da Bahia e o hospital não tinha UTI neonatal, nem incubadora, então ela por duas vezes ouviu o choro de suas filhas até elas morrerem, pois não tinham forças para comer nem respirar, não estavam prontas ainda, precisavam de ajuda, de recursos. Não existiam recursos para as filhas de Maria.
Seu terceiro filho nasceu com nove meses, pois desta vez alguém tomou as devidas providências e costurou o útero dela. O menino nasceu com icterícia, precisava de sol, ou da ajuda de uma luz artificial. Ela não foi informada e mais uma vez não havia recursos para o filho de Maria, que foi mandado com sua mãe para casa, chegou a ser amamentado e morreu.
Hoje com duas filhas que nasceram saudáveis, ela não esquece dos outros que apesar da luta não resistiram.
Em apenas uma hora ouvi a estória de Maria e a estória de três mortes, me espantei, chorei e me sensibilizei. Já estou careca de saber que essas coisas acontecem, mas quando a estória chega assim tão próxima e tão de repente, chega a arrepiar. Vem a indignação: Como pode, num país tão rico quanto o nosso, com um povo que paga altas taxas e arrecada bilhões, não haver recursos para os filhos de Maria?

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Crise em Família

crise dos 30
Recebi alguns e-mails, comentários e ligações de amigos preocupados com a minha crise, obrigada.

Um amigo definiu: crises são importantes para nosso crescimento. É quando a nossa cabeça não acha mais que o que nós temos é adequado, então nós entramos em crise até conseguir estruturar a nossa vida de forma adequada a nossa nova forma de pensar, as nossas novas necessidades, as necessidades de alguém que está amadurecendo. Gostei, comprei e compartilhei a definição.

Minha mãe também ficou preocupada, até porque na minha casa, se um está em crise, todos estão. Família unida, passa pelas crises e menopausas unida. Ela acredita que a vida começa aos 30, pois somos maduras para aproveitá-la. Lembrou-me que eu devo aproveitar enquanto não preciso me preocupar com as rugas. E o pior lembrou-se que daqui a 7 anos ela entrará na terceira idade. Agora vê se pode uma mulher que anda com jeans rasgado, top por baixo da blusa e All Star, entrar na terceira idade!!! E, diga-se de passagem, com muita elegância.
Depois que deixei a minha mãe em crise, venho pensando numa forma de consolá-la, mas a única coisa que me vem à cabeça é: “Mãe pelo menos você vai pagar meia!”

segunda-feira, 7 de julho de 2008

De Repente 30

crise dos 30
Daqui a um ano e meio estarei com 30, mas já estou em crise desde do início do ano quando completei 28.
A famosa crise dos 30 me pegou cedo demais.
Ainda não é a crise das rugas e da flacidez, apesar de eu já notar alguns vincos, e sinais de que a lei da gravidade realmente existe (feliz foi quem a descobriu vendo somente uma maçã cair), mas não, definitivamente não é a crise das rugas. Enfim, a crise dos 30 é mais de identidade, de objetivos. Acho que é a hora que a ficha cai e a pessoa entende que agora é sério, eu sou adulta e aí vem as dúvidas:
- Será que faço o que gosto? Depois de 10 anos estudando e me especializando, descobrir que não, seria devastador.
- Será que eu ganho o suficiente? Com certeza não! :)
- Será que eu aproveitei a juventude, digo a adolescência e a pós-adolescência, quando não tinha que pensar em nada, só em como me divertir. Será que eu me diverti?
- Será que eu usei tosas as mini-saias e roupas ousadas que eu podia?
- O que eu quero da vida?
- Como posso mudar o que não está bom?
Quanta coisa passa na nossa cabeça quando estamos a beira dos trinta.
Por enquanto ainda não quero casar, me sinto tão nova para esse negócio de casamento, mas não sou tão nova assim. É a mesma sensação da fase criança-adolescente, só que bem, muito bem mesmo, pior.
Eu sou quase uma balzaquiana!!!
Por falar nisso, em “A Mulher De Trinta Anos”, Balzac, fala do peso das mulheres na ocasião do casamento, "Casada, ela deixa de se pertencer, é a rainha e a escrava do lar". Olhando por este ângulo comemoro minha “solteirice”. Balzac ainda fala de como é belo o amadurecer, “A fisionomia da mulher só começa aos trinta anos. Ufa, bem animador! Viva Balzac.
De qualquer forma, me fica a crise e a pergunta (roubada de minha mãe): Para onde foram esses 28 anos?

domingo, 6 de julho de 2008

Blog

Eu achava que blog era coisa de crianças que cresceram com Internet e têm a doença congênita do “hightechismo” . Ver um menino de 10 anos usar seu computador, celular, iPod, pen drive, máquina fotográfica e afins com tanta facilidade e ter certeza de que ele sabe a diferença entre mp3 e mp4 e megabyte e gigabyte, me faz sentir velha.
Li ano passado uma notícia que dizia que uma senhora de noventa e poucos anos ganhou um blog do neto de aniversário e conquistou o premio 2007 de melhor blog em espanhol. Vi então que não é um problema de idade, é só querer e aprender, nada é difícil, basta eu me permitir.
A idade traz coisas como responsabilidades, problemas, rugas e reumatismos, mas a mente é livre para voar e pode ser criança, adulta ou velha, em qualquer idade. Só temos que ter o cuidado de não ficar para trás e não nos impor limites.
Minha amiga Denise me enviou por e-mail o endereço de seu Blog, me apaixonei!
Sempre gostei de escrever, então pensei, por que não fazer um blog? É um jeito de fazer o que gosto e compartilhar.
Sejam bem-vindos e participem.
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