terça-feira, 27 de julho de 2010

A Era dos Psicopatas

2002: Uma jovem de classe média alta de São Paulo é condenada por envolvimento no assassinato dos pais. Ela estava na casa no momento do crime, do qual participava. Os pais foram mortos a pauladas. Os assassinos reviraram o local e roubaram dólares para forjar latrocínio (roubo seguido de morte). Suzane Richthofen deu uma ridícula entrevista ao Fantástico, se infantilizando e se fazendo de imatura e influenciável para se livrar da prisão. Caída a lona do circo, Suzane confessou o crime e está presa. Opinião pública: Psicopata.

2008: Um pai atira a filha pela janela depois de espancar, arremessar no chão e estrangulá-la. Com a ajuda da esposa Anna Carolina Jatobá (madrasta da menina), Alexandre Nardoni, pai de Isabela de 5 anos, não chama os bombeiros imediatamente como, acredito, deveria ser, nem leva a menina ao hospital num ato de desespero, mas liga para o pai enquanto a esposa limpa a casa. Por azar, viram notícia e com a ajuda da mídia e de uma eficiente perícia nunca antes vista no Brasil o casal é preso, não sem antes dar aquela entrevista com a maior cara de pau ao Fantástico mostrando o quanto são frios e cruéis. Opinião pública: Psicopatas.

Nesta semana um jovem foi atropelado num túnel interditado. O jovem Rafael andava de skate numa área proibida quando um outro invadiu de carro o túnel fechado e atropelou o primeiro. Há coisas na vida que acontecem. Um ato de imprudência fatal. Neste caso, o motorista ao ser parado pela polícia ligou para o pai que negociou a liberação do carro para que o reparo fosse feito o mais rápido possível e tudo passasse despercebido. Porém por uma infelicidade dos Bussamras, o Rafael atropelado era filho de Cissa Guimarães e tudo veio à tona. Será que em nenhum momento o motorista, que não prestou socorro, não foi atingido pela compaixão? Será que, ao menos, ele hesitou antes de seguir adiante? O que teria acontecido se a pessoa atropelada fosse um mero funcionário a reparar o túnel? Quantos crimes destes acontecem por aí e, depois de passarem por mãos habilidosas e pela nossa polícia corrupta, passam despercebidos? Será que todas as pessoas envolvidas nesse caso são psicopatas? Será que virá outra entrevista no Fantástico? Quanto será que vale uma vida? Será ainda vale?

Bem-vindos à era dos psicopatas. A era do desvio de personalidade social. A era em que a vida não vale nada e por isso consciência pesada, culpa, arrependimento, noites insones, vergonha, peso, são sentimentos que não existem mais.

O desvio da personalidade social é promovido pela inversão de valores. É caracterizado pelo egoísmo. É fortalecido pelo poder do dinheiro e da lei que favorece ao bandido. É mantido pela certeza da impunidade.

Nessa era você vivenciará a falta de compaixão e de qualquer bom sentimento relacionado ao próximo. Você terá medo.

CUIDADO o psicopata pode estar junto, ao lado ou mesmo dentro de você.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Mudança

“Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias, gente que foi embora.
E a casa fica bem melhor assim.” (Herbert Vianna; Tet Tillett)

Sem dó nem piedade, desci tudo do meu armário decidida a ficar com no máximo a metade.
Atraquei-me com as roupas e fui separando o que serve em mim, o que não serve, o que combina comigo, o que não combina mais, o que vai ficar e o que vai para outro alguém. Essa parte foi rápida, sem sentimentalismos nem fortes emoções.

Passei para a parte de cima, onde ficam guardadas quinquilharias que uma a uma remontam um pedacinho de cada parte da minha vida. Blusas pichadas do último dia de aula dos anos do primário, lixo; Cartas e presentes de um certo namorado errado que só me fez mal, lixo; Camisas dos uniformes dos clubes que joguei vôlei, pronto, começou aí, algumas foram para o lixo outras não; As fotos ficaram, as cartas do tempo que ainda se mandava cartas também, e olha que lá vai tempo isso. Por conta de ter tido só meninos, a tia Eliane me deu sua vasta coleção de papeis de carta, cuidadosamente arrumada em pastas com adesivos coloridos em cada divisão, essa herança também não tive coragem; Algumas agendas se foram, outras que funcionavam como diário ficaram; O Pepito, um ursinho de pelúcia dado pelo meu primeiro namorado, comprado com sacrifício no tempo das vacas magras ficou, a faixa de sinhazinha da festa junina de 88, desenhos da amiga Renata e a coleção de fotos e videos do Michael também. Durante o processo todo muitas pausas para analisar tudo, rir com as recordações e terminar com a certeza de que a vida sempre me sorriu.

No final do dia estava acabada, mas sabendo que as energias foram renovadas, que o espaço aberto no armário aos poucos vai ser preenchido com felizes e novas recordações, até a próxima mudança, ou quem sabe, faxina.
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