domingo, 23 de maio de 2010

Direção e iPod

Eu amo dirigir. Durante anos trabalhei longe de casa, portanto passava pelo menos duas horas no volante, uma para ir, outra para voltar. Aproveitava esse tempo para fazer terapia, fazer uma auto-analise da vida, falar sozinha, mas minha distração predileta sempre foi a música. A música me faz sonhar, lembrar, viajar, voar...

Cantarolar e dançar na direção é a minha especialidade. Quem olha de fora deve achar que sou doida ou estou doida. Vejo risos, deboches, olhares curiosos, cúmplices, disfarçados. "Tô nem aí”, sigo dirigindo e me divertindo.

Ainda por cima, surge um aparelhinho mágico, o qual resisti em comprar por não ter menor intimidade com tecnologia. Contudo, me rendi e me apaixonei pelo tal iPod, principalmente pelo modo aleatório.

Ligo sem ter a menor idéia do que está por vir, então começa a tocar “Deixa Eu Te Amar” do Agepe, o que me faz lembrar a infância em Marica, seguido de “Silent Morning” do Information Society e memórias de amigos dançando break. Rola “Tempos Perdidos” da Legião, e me remete aos tempos das rodas de violão. Quando toca “Fatamorgana” de Urszula, me vejo dançando a coreografia da festa de 9 anos. É a vez de “Your Love” do The Outfield = matines no Colégio Militar. “Nosso Sonho” de Claudinho e Bochecha, me lembra do meu aniversário de 15 anos. "Ursinho Pimpão" do Balão Mágico, casa dos meus avós na vila em Vila. "Rock With You" do Michael, me faz lembrar dele e as vezes as lágrimas descem, mas "Am I the Same Girl" do Swing out Sister faz com que eu as limpe lembrando imediatamente da minha mãe feliz da vida dançando. Ao ouvir "Chorando Se Foi" do Kaoma, volto ao carro da vizinha que me dava carona para o colégio e marcava a lambada batendo no volante e na marcha. “Bamboleo” dos Gipsy Kings me leva à viagem de carro de Recife a Fortaleza com meu pai, meu irmão e um primo. “I Will Survive” da Gloria Gaynor me lembra as meninas do Ibeu e minha prova de direção de baliza no autódromo, há 12 anos atrás, a qual eu já fiz cantando ao volante...

São tantas músicas que esqueço que elas estão ali, então sou surpreendida a toda hora. Ora estou cantando freneticamente, ora rindo, ora chorando. Apesar de fazer regras como não pular as músicas, não repetir, simplesmente deixar rolar, de vez em quando não resisto e repito a mesma música umas três vezes.

O aparelhinho tão pequeno virou companhia imprescindível no trânsito, me fazendo desesperar quando, de repente, a bateria acaba e me deixa na mão. Não tenha medo de cruzar comigo por aí ao volante, apesar das várias multas que tomei distraída com as músicas, depois da minha pequena aquisição nunca bati com o carro.

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