segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Povinho

Eu costumo “perder tempo” discutindo sobre corrupção e política com amigos, no trabalho, em casa... Critico os políticos, xingo, fico roxa de raiva se alguém elogiar o Lula, por exemplo, e até rogo praga de vez em quando.


Outro dia estava papeando com um grupo de conhecidos no qual tinha duas médicas que trabalham em hospitais públicos. Fizemos um intervalo nas críticas ao governo para conversar sobre outros assuntos quando uma das médicas comentou que teve diabetes gestacional e como as tirinhas para medição de glicose são muito caras, ela “pegava” do hospital mesmo. Qual foi a minha surpresa quando a outra disse que “pegou” uma medicação injetável!


Na maior calma uma delas estava dizendo que os médicos que devem chegar ao hospital às sete da manha só aparecem lá pelas nove e meia e que como estavam sendo obrigados a dar mais plantões ela está pensando em inventar um doença psicológica e tirar licença médica que, segundo ela, é uma coisa muito fácil de fazer.

Eu fiquei pasma e, dia desses, reproduzi a conversa para uma senhora que estava sentada ao meu lado enquanto fazia a unha. Coincidentemente, esta senhora também trabalhou em um hospital público e me contou cada estória de arrepiar. Doutores renomados que tem em seus consultórios particulares até macas dos hospitais públicos. Disse que eles “pegam” de algodão a próteses (de joelho, quadril...) que usam em cirurgias particulares.


Esses cidadãos que deveriam estar trabalhando em prol da sociedade, estão ajudando a acabar com ela e contam isso em alto e bom tom, como se suas atitudes fossem dignas, corretas, e ainda malham o governo!!!

Agora, quando ouço falar sobre a condição dos hospitais, sei que não posso culpar apenas o governo, o povo também tem sua parcela de culpa. É simplesmente a cultura brasileira do se dar bem. Se todo mundo faz porque não fazer também? Pensamento de povo pequeno, POVINHO.


Depois disso, comecei a analisar a minha vida, os meus atos. Eu não pego nada de ninguém, pago meus impostos, fico atenta no transito para não prejudicar ninguém, tento ser gentil, tento não agredir a natureza, mas será que eu prejudico a sociedade de alguma forma? Será que eu faço alguma coisa errada “naturalmente”, “sem nem perceber”?

Qual será minha parcela de culpa?

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